quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Pensares a conta-gotas (263)


Haicais fingidos 14 

Príncipes, princesas,
glamorosa realeza.
Miséria põe a mesa. 

 

Quem faz farinha de osso,
melhor faria negócio,
com os ócios do ofício. 

 

Aves, aves de rapina,
todas benditas, divinas,
inimigas do desperdício. 

 

Políticos chegam de fora,
carregados de escórias.
Brasiliense leva a lama.

 

Água jorra indiscreta do barranco,
não para de correr.
Quem deixou a torneira aberta? 

 

A beleza nasce do peito,
e não do jeito de ser
perfeito. 

 

Nuvens carregadas, ameaça a chuva.
Tiro o chapéu, abro o peito:
Atirem-me, com balas de água! 

 

O cerrado demorou a crescer,
a solidão cavou em terras ácidas,
retirá-lo de lá, por quê? 

 

Desprezo dói,
corrói devagarinho,
alma se mói em pedacinhos. 

 

O sol castiga, alimenta fadiga,
o corpo não se entrega,
morre banhado de esperança.

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