Haicais fingidos 14
Príncipes, princesas,
glamorosa realeza.
Miséria põe a mesa.
∞
Quem faz farinha de osso,
melhor faria negócio,
com os ócios do ofício.
∞
Aves, aves de rapina,
todas benditas, divinas,
inimigas do desperdício.
∞
Políticos chegam de fora,
carregados de escórias.
Brasiliense leva a lama.
∞
Água jorra indiscreta do barranco,
não para de correr.
Quem deixou a torneira aberta?
∞
A beleza nasce do peito,
e não do jeito de ser
perfeito.
∞
Nuvens carregadas, ameaça a chuva.
Tiro o chapéu, abro o peito:
Atirem-me, com balas de água!
∞
O cerrado demorou a crescer,
a solidão cavou em terras ácidas,
retirá-lo de lá, por quê?
∞
Desprezo dói,
corrói devagarinho,
alma se mói em pedacinhos.
∞
O sol castiga, alimenta fadiga,
o corpo não se entrega,
morre banhado de esperança.
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