Ora doce, ora insulso ou amargo,
carrego momentos escassos,
em percalços ambíguos e lassos:
Ora tímido, ora palhaço,
enrubesço-me do que faço,
fujo de beijos e abraços;
Se finjo, sou como corda de aço,
não externo ar de mormaço,
esfrio no espelho os pedaços;
Se chego a desenho, sou o traço,
do rabisco, mero embaraço,
projeto de moradas, sem o paço;
Se galgo muralhas e ameias,
sou como amarras sem o laço,
ameaço ser torre, e sou terraço;
Barco, que parte de porto-regaço,
sou a vela, o cordame crasso,
o mastro, ao vento, flácido.
Por onde me resto, às pressas,
nasço, cresço, vivo, renasço,
ou, simplesmente, venho e passo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário