domingo, 19 de agosto de 2012

Pensares a conta-gotas (131)

(Noturnos)

Noites de vampiros famintos,
denteagudos, esvoaçantes,
a tecerem crinas indefesas,
a sugarem o desassossego
dos que berram dores lancinantes;

Fome de corujas acordadas,
de olhos arregalados,
a abrirem bicos, por instinto,
e piarem desaforos,
de foro íntimo;

Imagem de carros recostados,
cabeçalho ao chão, recavém aos ventos,  
a reclamarem bois,
que cochilam seus cansaços,
lá no pasto, do sustento;

Lua, no compasso de nuvens,
ora acendendo, ora apagando
estrelas as mais coesas,
a sugerirem incertezas,
ora tristezas, ora lamentos;

Noite de medos encapuzados,
a beberem sangue de bezerros,
a incitarem afoitos cavalos,
enquanto homens insones
recordam mendigos passados.

Nenhum comentário: