quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Pensares a conta-gotas (129)

(Pai)

Por que o olhar furioso,
se, no fundo, era bondoso?
Por que o sorriso para dentro,
Se, a outros ria fácil, de momento?
Por que escondia sentimentos,
se podia revelar-se por inteiro?
Por que não se abria, em leque,
verdadeiro,
sem os mais mínimos
constrangimentos?

Ele era todo, assim, desfeito,
em querer dar em tudo ao respeito.
Por que, malgrado, nos ensinou,
a ser como na prática também somos,
se a natureza, que tanto amou,
se revela, na obra da criação,
aberta janela,
sem se imolar, sem se queimar,
como se consuma, na pedra,
uma vela?

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