quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Pensares a conta-gotas (173)





(Relembrando tempos reclusos em Mendes marista)

Deus me vê, me aclara,
não me censura, cura,
nem lhe cabe condenar.
O olho de Deus
não conhece mau-olhado,
nunca foi triangular,
severo, oblíquo, raivoso,
dissimulado. 

Bondoso, sempre, foi,
com muita vontade
de ajudar, o pobre coitado.
Não me olhou
no banheiro, do sacrário,
para evitar
o vício solitário. 

Nem enxergou, malsim,
no escuro do confessionário,
pensamentos culpados,
resistentes,
noturnos, reincidentes,
como a consciência de Caim,
no solitário refúgio. 

Dentro da vedada muralha,
assentado numa cadeira fria,
rígido, encolhido, inseguro
na sombra profunda,
o revejo foragido verdugo,
em “ La Conscience”,
poema escuro de Victor Hugo.

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