segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Pensares a conta-gotas (171)


Muito fácil, desancar,
e, depos, desnudar a prostituta,
que, também, luta pelo dinheiro
que a sustente, e a sua gente,
que conhece a falta de amor,
que ela não sente,
no calor dos embates,
que ela apenas vende.

 

 
De quantos modos,
por quantos contos,
vende a mulher o corpo,
pernas, seios, olhos,
o rosto, a gosto, ao ponto? 

Em que recônditos cantos,
em que alcovas,
em que telas ou aquarelas
se pintou,
ela nas janelas? 

Por que tanta tinta e cores,
se, mais dias menos dias,
serão de dores, sem amores,
às expensas de clientes,
chucros, seletos, exigentes?
 


 
Não tens, Ó Maria, interesse algum
em ser diferente das outras parentes,
mulheres, mães, todas descentes,
dignas como tu fostes
de um filho, que, por diferente,
não quis diferença entre as gentes.

Nenhum comentário: