sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Pensares a conta-gotas (169)


Escrever poemas
sem pé, nem mãos,
nem vibrações,
nem cabeça, nem dilemas,
tronco inerte, sem comoção,
frio, desconjuntado,
sem dimensões,
de conclusão
sem sólidas premissas! 

O que pensar do ficar famoso,
do não se fazer compreender,
por querer,
do ouvir dizer, na saída da missa:
“Como fala bem!
Como escreve bem!”
esse Vieira, que faz escola,
do “gosto, ou não gosto”!
“Eis a questão!”?
 



Transparece que ser poeta
é ser hermético, fechado,
para que poucos alcancem
o unir versos por onde andam
e saltam as ideias. 

Coesões, coerências,
anáforas, catáforas,
polifonias, implícitos,
onde estão? 

A poesia deve se fazer povo,
descer do pedestal
ao chão. 

Por onde anda Prévert,
em que estantes
se escondem Quintana, Drummond? 

Fazer poemas para ser lido?
Para ser visto? Por quem? Por entes sabidos?
Por que não se editar mais poesias?
Por que só a prosa dominar a fantasia? 

Talvez pelo prazer imediato,
de beber-se dela a longos goles,
sem tanto esforço de encontrar
o fio da meada no texto,
que, aos poucos, se constrói
e se faz contexto!

Nenhum comentário: