quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Pensares a conta-gotas (164)


Mais Brasília  

O cerrado era sozinho, quase que só silêncio,
deserto verde, assovios e firmamento,
pássaros, céu azul, sol e ares nevoentos,
terra de enxurros e chuvas de ventos,
córregos e rios violentos,
cachoeiras, e os remansos, em descansos,
que mais tarde se fechariam em lago,
monumento. 

Ali, passaram, dizem, atlantes,
índios, negros e brancos,
estranhos dos vagares dos espaços,
e mais tanta gente, autóctones, bandeirantes,
moradores do antigamente,
do bater do pilão, da enxada na mão,
do arado atrelado,
dos matos, roçados a facão. 

Andava-se, então, a pé ou a cavalo,
em canoas, pirogas ou carros de bois,
toldados para a peregrinação.
Ia-se, vinha-se e voltava
por caminhos ziguezagueados,
cheios de poças d´água, e imensidão. 

Mas um dia... aconteceu a profecia:
um pássaro diferente, enjaulado,
bem maior que o sonhado,
feito de aço e fogo,
vindo de lugares determinados,
sobrevoou aquele deserto de verdura densa,
para trazer mais gente
de tantos jeitos, e de mais ciências.  

Fincaram pé na poeira,
plantaram cruzes e luzes,
com muita casa rasa,
geminada e empilhada,
que, do nada, foram edificando,
tudo de civilizado,
de beleza, maravilha, fantasias. 

E, assim, nasceu Brasília,
a cidade sonhada,
santificada,
misturada a esperanças e poesia.

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