quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Pensares a conta-gotas (60)

Com o passar do tempo, tempo, tempo!
“... ao dela, o relâmpago seria um século” (...)
“para descrevê-la, seria preciso fixar o relâmpago.” (...)
“Não importa ao tempo o minuto que passa,
mas o minuto que vem.” (Brás Cubas, M.A.)

1

O tempo, sem tempo,
Sem volta, revolta.
Pra frente, vara,
Pra trás, não rola.
Os fatos, devora.

Não vive, não morre,
Não desce, não sobe,
Não vira, não soma,
Não tira.

Parece parado,
Mas corre e mais corre.
Como corre, desbragado,
Tão sôfrego, o danado!

2

O tempo é sem data,
Nunca foi, nunca é,
Nunca deixará de ser.
Mesmo sem parecer,
É eterno inimigo,
E não findará comigo.

3

“O homem, filho do tempo, reparte com o mesmo tempo ou o seu saber ou a sua ignorância; do presente sabe pouco, do passado menos e do futuro nada”. (Padre Antônio Vieira, História do Futuro, Ed,. UnB, p. 121)

O tempo que passa,
Não passa de invento,
Bem humano.

Deixa em desgraças,
Ou em desenganos,
Tantos anseios insanos.


4


Quisera ter, ao menos, o direito,
O mínimo ensejo manifesto,
De abstrair o tempo, afastá-lo,
Elidi-lo, em meu próprio proveito.


5


De ano em ano
Até os sessenta
Contei os anos.
De pra lá,
Contarei meus jás.
Por mais lassos,
Desandarei meus passos
Com o apagar
Dos traços e enganos.


6


O tempo corre,
Escorre a vida.
Morre o amor,
A gente finda,
E calado sofre,
Bem mais ainda.




Nenhum comentário: