quarta-feira, 22 de julho de 2020

Migalhas de Mim (45)


O relógio centenário,
pendente da parede do salão,
tal oratório-relicário,
quebra o silêncio da solidão,
bate bonito o infinito,
pau-sa-da-men-te.

Pena não poder bater,
a-le-a-to-ri-a-men-te,
sempre e somente
do-ze-ba-da-la-das-com-pas-sa-da-men-te,
sem ser por força das horas
ou do inventado tempo.

São atávicas, as lembranças
dos antigos donos,
cabelos, barbas brancas, olhar no céu distante
do avoengo sobrado,
há muito morto de idade
abandonado nas saudades.

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