segunda-feira, 20 de maio de 2013

Pensares a conta-gotas (190)


(Ao assistir cantar a Helene Fischer)
 
O rosto, o mais lindo,
a voz, a mais su/ave e doce,
o mais definido corpo,
ânimo de musa no palco,
no mais purificado gosto. 

Vazavam olhares do público,
misturados a desejos cúpidos,
porque a vida não é insípida,
assim, una, curta e irresoluta,
e os céus não são relativos,
embora longes, infinitos, divinos,
ou, até, inacessíveis e absolutos.

 

(Lembrando Chico Buarque)  

Sem forçar a letra
a caber-se na música,
sem forçar a música,
a conter-se na letra,
o artista casa duas parentes,
com arte, disciplina de lente,
num só momento de alento,
sem doutrina de casamento. 

A beleza é a soma do todo,
natural, sem qualquer adrenalina,
ignorante de qual nasce primeiro,
das gêmeas univitelinas,
iguais na harmonia e sonâncias,
diferentes na sina do roteiro,
sem pacto com a rotina. 

 

Às vezes,  anda deprimido,
comprimido, reprimido,
espremido, sisudo,
distraído do mundo,
às viras e voltas com tudo. 

Esteta tímido, o poeta
desajeitado e mudo,
desconhecido, escondido,
é bem mais re/voltado,
do que, antes, l/ido.

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