quarta-feira, 15 de maio de 2013

Pensares a conta-gotas (188)


Águas verdes do degelo,
do desprezo e dos olhares frios;
Barrigas verdes da fome
e do desmazelo dos brios;
Consciências verdes da omissão,
e da falta de devoção e zelo. 

Não me sinto levado, por obrigado,
a rezar em códigos e línguas.
Rezo mudo, em pensamentos,
em qualquer canto de mundo,
quando penso ser o agora
a hora dos sacramentos. 

Os templos são abandonados e frios,
escuros, úmidos e solitários,
que, até, os santos inertes,
que os habitam noite e dia,
parecem tristes, coitados,
diante do sacrário e da sacristia. 

Lá fora, a natureza se excede em atos,
quente, clara, como gente solidária.
Flore de mil tons, como Deus sempre quis,
o bastante às pessoas levantarem o nariz,
e dizerem felizes, sem pejo e mesquinhez:
“obra maior que Deus fez”.

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