domingo, 23 de fevereiro de 2014

Pensares a conta-gotas (279)


Não careço olhar as horas,
quando procuro e não acho
o sono, que me revigora. 

Elas não me pertencem,
nunca dependem de meus relógios,
e horários lógicos. 

Aquilo que ora me estabeleço
parece a elas se referir,
na busca do que quero,
dormir, e desconheço. 

Sempre que dos fins recomeço,  
de confins, desse eterno evoluir,
imponho-me vontades de ir e vir
por longos instantes, padeço. 

 

Dependesse de mim,
não irias embora, assim,
como sempre faz o vento. 

Dependesse de mim,
ficarias dependurada, assim,
em meus galhos, de orvalhos. 

Dependesse de mim
misturar-te-ias, assim,
em meio às sementes das gentes. 

Assim, as horas passariam,
como desliza o tempo,
por entre átomos de vazios. 

Assim, sobe-se na árvore,
beija-se os frutos intumescidos,
lambe-se os lábios impolutos,
para se jogar em terra nua
a insistência da vida.

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