Não careço olhar as horas,
quando procuro e não acho
o sono, que me revigora.
Elas não me pertencem,
nunca dependem de meus relógios,
e horários lógicos.
Aquilo que ora me estabeleço
parece a elas se referir,
na busca do que quero,
dormir, e desconheço.
Sempre que dos fins recomeço,
de confins, desse eterno evoluir,
imponho-me vontades de ir e vir
por longos instantes, padeço.
∞
Dependesse de mim,
não irias embora, assim,
como sempre faz o vento.
Dependesse de mim,
ficarias dependurada, assim,
em meus galhos, de orvalhos.
Dependesse de mim
misturar-te-ias, assim,
em meio às sementes das gentes.
Assim, as horas passariam,
como desliza o tempo,
por entre átomos de vazios.
Assim, sobe-se na árvore,
beija-se os frutos intumescidos,
lambe-se os lábios impolutos,
para se jogar em terra nua
a insistência da vida.
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