segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Pensares a conta-gotas (270)


Haicais fingidos 17
 

O universo:
grãos de poeira soprada
em tornados no infinito.  

 

Ideias incendeiam-se:
comodismo nunca foi
bom de ofício. 

 

Para fugir à realidade:
o bêbado embriaga-se
à liberdade. 

 

A onça dorme de dia:
luz intensa inebria
os maus pensamentos. 

 

A árvore abre os galhos:
para melhor enxergar
as penas dos passarinhos  

 

Periquitinhos verdes:
alaridos de crianças,
em festa de aniversário. 

 

Na mata, a orquídea veste
um lenço vermelho
no pescoço da árvore.  

 

Da rua, débeis vozes
acordam a luminosidade
diáfana da criança. 

 

A idade enfraquece
o tempo não insiste,
se esquece da inexistência. 

 

Papel aceita tudo,
menos o que estertora
na vasca da memória.

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