sábado, 22 de fevereiro de 2014

Pensares a conta-gotas (278)


Existem arrependimentos
de pecados não praticados.
O tempo passa,
e não supera os traços,
dos desacertos do passado.  

Não se pode atrasar, cochilar,
andar de olhos nos bolsos,
com tantos planos a pensar,
que nos deixam sem escolher
de “à esquerda ou à direita, volver”.
 

Anda-se devagar, não se pode correr,
o fôlego é curto, o oxigênio raro,
e os olhos titubeiam, cada vez mais,
pesam os pensamentos, que sabem
que o tempo não pode parar,
um apenas momento no cais.


Gentes humildes, pequeninas,
cobrem de penas as esquisitices,
como galinhas acomodadas,
no ninho quente das mesmices. 

Em lugar de luz, preferem o escuro,
as lamparinas, as candeias,
o crepitar das brasas na fornalha
no borralho do fogão de lenha,
o desconforto, as teias nas telhas,
e o picumã das poucas ideias. 

Mas não carregam culpas a tiracolo,
por desconhecerem as idiotices,
de incultas plateias com torcicolos,
perdulárias das fanfarronices.

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