Anacronismos
Deveras belas, as princesas amarelas dos pós
das passarelas da modernidade,
dos retoques nos desfiles, das pompas e riquezas,
dos olhares incrustados em faces de louça,
das peles brilhantes, de porcelana e pelúcia,
das cores de céu nos olhos, nos cabelos, nos dedos de
diamantes,
dos esculturados corpos, ditados pelo culto aos conformes,
dos príncipes encantados, a trazerem, a tiracolo,
as consortes sevadas nos sonhos, de feéricos castelos
e palácios de vidros!
Nem mais se lembram, príncipes e princesas, do agora,
de antigos sossegos, provindos de tempos sem tempo,
quando súditos aplaudiam a real beleza, com as caras sujas,
sem enxergarem a crua herança das mesas fartas,
trajando misérias, pestes, fealdades do medo,
e só conheciam quadros divinos, dos pintores complacentes,
como, agora, os príncipes e princesa nas lentes subjetivas
de fotógrafos e lustres.
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