segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Pensares a conta-gotas (274)


O que pensa Deus,
ao receber preces diversas,
de bons e maus pagadores? 

Fica, qual juiz inquiridor,
impassível, imparcial,
à espera de final feliz? 

Ou, por conhecer, de antemão,
quem é menos ou mais devedor,
já dispensa contas de penhor?
 
 
 
Oração do “bobo” 
 
Diz a lenda que um bobo,
de presença rara na igreja,
ao padre confessa a razão
das impiedosas ausências: 
 
“Faço minhas orações,
como as abelhas os favos,
defronte aos montes,
de lá onde moro e me demoro. 
 
Quando me levanto,
me lavo e oro,
só mente: “um, dois, três,
obras que Deus fez!” 
 
Alinhava, assim, de sons cavos,
mesmo que longe de luminares,
escravos de desagravos,
ou laivos de bafejos benfazejos,
nos azulejos frios de altares seculares.        

Nenhum comentário: