quarta-feira, 17 de julho de 2013

Pensares a conta-gotas (210)


Há muitas lembranças, com tranças,
e revivescências, nas errâncias;
nos vagares remotos,
por lugares notáveis, quase ignotos;
nas tramas indestrinçáveis,
nos dilemas de doses extremas;
nos prestimosos donaires,
nos ares e altares divinos;
nas tolerâncias nos fazeres
e tenências nos dizeres;
nos pensares embaraçosos,
nos objetos irretocáveis;
nos sons que chegam colados
nas letras consonantes e vogais;
nas telas e partituras de artes,
e artesãos de estrelas;
nas janelas entreabertas,
nas luzes filtradas de réstias e frestas;
nas vetustas casas embarreadas,
de telhas moldadas nas pernas;
nos roncos de trovões e ventos,
no oco do mundo sem fundo;
nas interrogações inquietantes,
nos estrondos e medos de escuros;
nas ocupações de solertes marimbondos
na faina dos dias redondos;
nos rombos, em tombos, em rolos de ciscos,
nos estragos dos passos por entre arbustos;
nas varandas pintadas de sol poente,
aleitadas, à noite, de luas silentes;
nos repousos dos pós-prândios,
nas sestas modorrentas e lentas ideias,
nos tempos de calma, despreocupados,
com suspiros de alma,
com perdidos e achados, já suprimidos.

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