"O poeta é um fingidor." (Fernando Pessoa)
O que conta mais do que a mentira,
que a própria mentira, em que se vive, agora?
Tudo vale as mentiras que se conta,
no faz de conta de cada dia, que não melhora?
A publicidade vende mentiras sem conta,
embaladas com aparências de verdade.
Inventa-se, vive-se, pensa-se, come-se,
bebe-se, dorme-se mentiras, à saciedade.
Sonha-se com as drogas das mentiras,
para que mais se precise fugir, fingindo
de verdade, êmula sempre incapaz
de se vestir de mentira, de frente e de trás.
Mente-se na política, na fala do representante,
no olhar, nos gestos, nos todos os restos do restante.
Mente-se diante do complacente representado,
que faz de conta que é, simplesmente, coitado.
Somente o artista não mente,
finge que a ficção é verdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário