Na vida, parece ser assim:
não se pode parar,
não adianta correr,
que o bicho-homem
pega, e mata, e come.
Relógio não trabalha de graça,
não atrasa nem adianta,
caso atrase ou adiante,
de nada adianta,
que desenlace o acaso.
A sobra do almoço
come-se na janta,
e o que ainda sobra da sobra,
o lixo aguenta e não cobra,
mas o saco arrebenta na dobra.
O que não se engole puro,
empurra-se com água, sem engulho,
e o que não desce mole ou duro,
o pulso resolve, sem duro com duro,
nem mole com mole, no apuro.
O que se pode fazer, agora,
deixa-se para depois,
e o que não se fizer a tempo,
fica sem fazer, e pronto,
ao ponto de contento.
Assim, vai-se-levando a lida,
sem se tocar o dedo na ferida,
que nem onça acuada na toca
consegue evitar, à patadas,
as tocaias da vida.
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