domingo, 30 de agosto de 2020

Migalhas de Mim (55)

 De vagar 


Não sei, nem careço saber,

talvez saiba um dia, à revelia,

onde já morei ou haverei de morar, 

onde não paro e não haverei de parar,

por onde andei ou haverei de andar;


se em Mendes ou em Minas,

se no Brasil ou na França,

se em Brasília, Rio Branco ou Paris,

se aqui ou ali ou lá,

se cá ou acolá ou além dos horizontes,

se daqui prali, daqui pra lá ou de lá pra cá,

se só por onde aponta o nariz, como se diz;


se em terra firme, em água funda

ou em revolto mar,

se onde nasci ou deixei de nascer,

se onde ainda não morri 

ou deixarei de morrer,

ou, até, ao deus-dará, 

onde me cabe vagar.


Só sei que não andarei de graça,

não assentarei praça, em nenhum lugar.

Sou do vento ou para onde o vento leve,

sou do tempo, que nunca se prescreve,

sou dos ares, de muitos altares,

que sempre me descrevem, 

para sempreterno caminhar.


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