segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Pensares a conta-gotas (159)


O igual sempre cansa,
o diferente alcança
o que sempre falta
na alma da gente.

 

 
O cego olha para dentro,
não vê do lado de fora,
a escuridão dos iluminados. 

Desconhece perigo de terrenos,
terremotos e tissunames,
e, quando cai, só cai em si,
para não mais tornar a cair. 

O surdo ouve o som do coração,
desconhece silêncio e barulho,
dos demais mortais. 

O mudo não fala do que vê,
não divulga loucuras e dados
do que sabe
dos que andam de lado. 

Neste mundo, de pouco conteúdo,
cego não é cego, surdo não é surdo,
mudo não é mudo. 

Cegos, surdos, mudos são os que falam,
escutam, enxergam torturas,
calam nomes,
e números de falácias e faturas.
 

 

A dor de poucos dói menos
que o sofrimento dos muitos
miseráveis, incapazes, loucos,
que não tocam a razão
dos donos desse torrão.  

Pobres, coitados, desvalidos de compaixão,
sequer serão acolitados
de esperança e boa intenção
dos santos de situação,
entronizados como proteção.

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