História de Pedro e Aurora
Ora, cara Aurora, fui Pedro Último dos Quincas,
ou Pedro Quinto, nem bem mais
correto sei,
com três filhos que lhe plantei no
ventre fecundo
de todo amor do mundo, que sempre
lhe devotei,
malgrado o terceiro, nem aos seus olhos
chegasse,
que a morte, ainda no catre, sem
luz, lhe ceifasse!
Depois, vieram os depois, e mais
depois,
comigo, no casarão, me desfazendo
da mente,
na solidão de quarto escuro,
inclemente,
de cheiro até duvidoso,
nauseabundo,
a purgar da rédea solta, do poder abandonado
do comando, dos punhos fracos e frágeis mãos,
por minha inteira falta de mais
dura decisão.
O restante de amor foi-me secando a
alma,
grabatário do que me sobrou de
fôlego e ar,
segregado na vida inútil a que me
sujeitei,
ou, do destino que me levou à fatal
depressão.
Quem, Aurora, dos primeiros tempos festivos
se lembrará de mim, a cavalgar besta ruana,
de boa sela, bem arreada, sem parelha, do meu gosto,
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