terça-feira, 11 de setembro de 2012

Pensares a conta-gotas (141)


O moribundo olha vago o vazio,
e não alcança o além das nuvens
e do azul profundo.
Não fala, e está distante, mudo.

Sabe que, muito em breve,
vai ultrapassar o mundo,
delirante.

Pior, ainda, é ter a posse de si,
e as idéias claras
do que irá acontecer.
Mas não as tem.
A cada dia definha, finda,
e não há mais salvação,
para seu permanecer na vida.

Ele se despede, aos poucos,
quieto,
somente o olhar anuviado,
incerto.

Mas a morte não vem,
demora mais um tanto,
indiferente aos prantos.

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