Recuso-me a creditar
meus olhos
tão míopes no desacostume de ver!
Em minha
frente estás realmente
ou são
meus sentidos
em sonhos
que reclamam teu
corpo de mel
e melado,
incessantemente?
Meus ouvidos
pernoitam a tua voz,
se desfalecendo em
suspiros
buscados no céu
da boca faminta,
e tua saliva
rara
umedece minha
face,
os lábios
avaros.
Recordo teu
acre perfume
exalado de profundezas molhando desejos,
lá onde
brotam rios de matas
ralas
e escuridões,
lá onde
aqueço minhas mãos finas
e trêmulas,
lá onde
me queimo os dedos
em fogo
e mormaço,
e sacio minha
sede de ser sempre sedento
de teu
corpo túmido, se amolecendo cansado
de tuas forças
estremes, se esquecendo rígidas
sobre meu
peito arfante,
exaurindo-se e já
vencido.
Topógrafo
de montes e vales
e
grotas profundas e quentes,
meço
distâncias, na ânsia da maior distância,
busco
aninhar-me em grutas escondidas,
reentrâncias
de encostas e escarpas frementes,
vastidões
de doces e úmidas planícies,
para
ao final encontrar a calma que meu ser reclama,
em relevos que teu corpo de fendas e montes derrama,
tal
vulcão que me envolve, revolve e petrifica.