domingo, 9 de março de 2014

Pensares a conta-gotas (284)


Versos brancos, brandos,
ou bambos,
(o que importa a largura
de pernas e pés?)
de rimas escassas, pobres ou ricas,
sem precisão,
de menos flores, mais ardores,
mais  emoção,
soltos e livres, como nos abraços,
fortes ou lassos,
são o que de melhor ainda faço,
e desfaço e refaço
a cada leitura, de ocasião.



Dos pingos e respingos  
destas bagas, em estrada poeirenta,
caídas, como já outras,
e mais outras a bem molhar,
recolhe-se o barro,
com que se emoldura textos,
de consistências várias,
como em muros de ousadias
por querer chamá-los de poesia.

O poético, como a poeira, os ventos,
nascido de caminhos diversos,
íngremes, curvos, suaves, retos
paira acima dos invólucros das letras,
das tintas fracas ou das fortes cores,
para servir a todos com alma lavada,
os que dele se julgam merecedores.


Nenhum comentário: