quarta-feira, 5 de março de 2014

Pensares a conta-gotas (283)


Ladainha do medo
 
Viver o medo,
Viver de medo, com medo
Vivenciar o medo
A cada segundo, a cada minuto,
A cada apontar de dedo.

Medo de viver
Medo de morrer
Medo de não achar
Onde se esconder

Medo de ser
Medo de sair
Medo de chegar
Já de tarde
Ou já de manhã cedo

Medo de viajar, de falar,
Medo de saber
De estudar,
De se perguntar
Na filosofia do medo.

Medo pelos seus,
Medo per si,
Pelos teus, pelos nossos,
Pelos filhos deles
Que se desconhece
Se vão chegar.

Medo de tentar amar
Medo de dar, de se entregar,
De não se poder aguentar,
Medo de ignorar o que há
Do lado de lá do ar

Por que tem que ser assim,
Por que sempre foi assim,
Por que sempre será assim,
Por que medo de mudar?

Medo da insegurança,
Da violência gratuita, fortuita,
Muito medo mesmo
De não se poder enfrentar.

Como é que se conseguiu
Andar até aqui,
Nesse atual momento,
No convívio do delinquir?

Viver foi, é e será um perigo
À procura de abrigo seguro
A se debater consigo
Se é humano o reflexo
Esse mundo desumano
Injusto, desigual e dissoluto
A mais dissolver o absoluto?

Nenhum comentário: