terça-feira, 27 de julho de 2021

Migalhas de Mim (96)

 

Não gosto de fazer anos.

Quanto mais os faço,

menos sobram pr’eu viver.

 

Foi-se o brilho do rosto,

depois, ficou mais tosco,

agora, um esgar mais fosco.

 

Não é mais a vida,

mas a ferida que conta,

a invadir o débil corpo.

 

A ultrapassagem é dura,

não haverá como retroceder,

para mais tempo viver.

 

Cada um tem seu sofrimento,

mas carrega somente o seu,

sem qualquer fingimento.

 

(Lembrando Arquimedes)

De tão diminuto e mudo,

sem nenhum apoio,

o vírus levanta o mundo.

 

O mundo segue rodando.

As pessoas se amando.

A mando de quem?

Um comentário:

cultura disse...

Prezado amigo,
Este poema revela suas inquietações filosóficas existenciais. Menos anos a viver do que já vivemos. Por isso vamos valorizar cada dia. La vie est belle!