(Eles)
“... o par de namorados. Eram silenciosos, precisos e admiráveis no
sensualismo delicado com que se provavam a ponta de língua-orelhas, pálpebras,
narinas, comissura dos lábios e finalmente, os próprios dardos de suas línguas
no língua-a-língua que antecedia a violenta sucção dum pelo outro.” (Pedro Nava. Galo das
Trevas, Memórias 5. 4ed. p. 38)
O que vejo além desse beijo
nesse cipoal de abraços
nesse massacre de lábios
nesse entrelace de dedos?
Corrente de mel e desejos.
Quem haverá de mesmo vendo
perceber esse comer de amor
nesse engolir de cor
como se o dividindo
não o fizesse maior?
Eles se esquecem
deste mundo exterior
prisioneiros carentes
dessa chaleira em fogo
de doadores de amor.
A seiva que resvala
por essas veias e vala
leva a mil recantos
desses corpos enleados
irresistível vontade
indomável desejo
de se multiplicar
ou de se dividir-
em mais.
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