(De Nice, 15/3/24)
Não há ninguém a quem se perguntar,
nem a se explicar,
apenas você e a máquina
fria, senhora de si,
e da insensibilidade.
Não há ninguém com quem se privar
de relações de ajuda mútua,
que ficaram no passado.
Agora, só você e a máquina
fria, senhora de si e da
artificialidade.
A recompensa da convivialidade
já não mais compensa,
ficou no papel amarelado, rasgado,
amarfanhado dos tempos
sempre mais escassos.
Com desconhecidos e estranhos
não se gasta saliva e cansaço.
Agora, só se conversa com a máquina
fria, senhora de si e das
desconfianças
sem vistas à alteridade.
Até quando amizade sem resultados
rápidos, individualizados!
Pobres homens sem vizinhos,
se precisarem uns dos outros,
num repente,
nem a presença de próximos parentes!